sexta-feira, 31 de dezembro de 2010
Pensando no Outro
Vamos iniciar as postagens de 2011 com uma ação criativa de alguém que olhou para o Outro e foi solidário com suas dificuldades. O novo projeto de Veronika Scott, estudante de design em Detroit, nos Estados Unidos, é exemplo de ação humanitária. Ela criou casacos capazes de resistir a temperaturas próximas a -10°C e que se transformam em saco de dormir. Tudo isso custeado do próprio bolso, ao valor de aproximadamente US$ 2000. Cerca de 18 mil pessoas compõem a população de rua da cidade norte-americana, que aos poucos terá acesso às jaquetas.Ela usou materiais como lã e tecidos sintéticos que dificultam a perda de calor, além de serem impermeáveis. O plano é que sejam finalizados mais 25 casacos até o final de fevereiro, para a população da cidade. O plano da desinger é que todas as unidades assistencialistas ao redor do mundo possam ter meios de fabricarem os seus.
Mesmo sendo uma peça com funções práticas (qual roupa não é?) Scott não abriu mão do status fashion da sua criação e o conceito da roupa é amplo, podendo ser vista como uma invenção que preenche alguns aspectos fundamentais da moda hoje.
Pois é, quanto mais pessoas pensarem nos outros, com certeza as coisas mudarão muito.
quinta-feira, 30 de dezembro de 2010
Gaga de novo
terça-feira, 28 de dezembro de 2010
Viagem à Florida
Richard Florida (nascido em 1957 em Newark, New Jersey) é um teórico americano do Urbanismo. É licenciado em Ciências Políticas pela Universidade de Rutgers, é doutor em planejamento pela Universidade de Columbia e é diretor do Instituto Martin de Prosperidade pela Universiadae de Toronto, mas a sua principal atividade acadêmica encontra-se associada à área de Economia Urbana. Dito assim, em "formato Wikipedia", parece alguém que seria alvo de um interesse concentrado nas áreas por onde transita seu conhecimento, mas Florida corre mais que isto no páreo do pensamento sobre a contemporaneidade.
Autor dos livros Who's your City? – How the Creative Economy is Making Where to
Live the Most Important Decision of Your Life, The Great Reset e The Rise of the Creative Class: And How It's Transforming Work, Leisure, Community and Everyday Life onde ele aponta para questões que estão aí na nossa porta e pouco se pensa a respeito.
Indo na direção da teoria de que o mundo "não é plano" mas composto de "pontas" que fazem variações contrastantes na modernidade, haja visto o que encontramos nas cidades brasileiras, Richard coloca que é preciso sair do modelão de desenvolvimaento ainda atrelado ao esquema que os Estados Unidos estabeleceram a mais de um século, - e que a China repete agora como estratégia de desenvolvimento - e encontrar saídas mais interessantes e criativas como ele mostra estar surgindo no Brasil e na Índia.
Muitos aspectos inovadores permeiam as teorias deste estudioso e que causam incômodos nas mentes engessadas que gerenciam o mundo, dentre estas teorias estão as que as comunidades homossexuais devam ter territórios próprios para seu desenvolvimento dentro das comunidades urbanas de modo a instalarem novos pensares, já que esta seria a última categoria a ser promotora da tolerância entre as pessoas.
Nos seus estudos Richard mostra que 80% de tudo que se cria no mundo hoje está concentrado nas 8 macro regiões urbanas que existem no planeta, entre elas o eixo Rio/São Paulo. Ele prega a mudança destes cérebros criativos para outras áreas mais condizentes com a necessidae de uma melhor potencialização do tempo, coisa que se perde muito no deslocamento dentro do espaço destas grandes cidades.
Em resumo, o cara é muito interessante pois trás questões que (ainda) dão tempo de serem solucionadas.
segunda-feira, 27 de dezembro de 2010
Saia justa não sai de moda
O ano de 2010 termina com algumas saias justas no mundo da moda, e não estou falando da peça de roupa e sim do constrangimento que aconteceu com algumas grifes importantes. Deixo os cinco mais polêmicos para vocês julgarem as pertinências, ou seja, foram ou não foram micos?
1. Mudança de logomarca da Gap: O novo logo proposto pela Gap não era tão desconhecido assim, pois já estampava alguns produtos e vitrines. O que causou furor do público da marca foi a mudança repentina de identidade nas mídias digitais. Em pesquisa com consumidores, 3 em cada 4 reprovaram a mudança. A empresa até tentou uma ação de crowdsourcing, pedindo sugestões na web, mas acabou por admitir o erro, se retratou publicamente e manteve o logo antigo.
2. Linha de maquiagem cancelada por incitar violência: Literalmente não deu para maquiar o deslize da gigante do setor M.A.C. A linha de cosméticos que seria lançada em conjunto com a Rodarte foi cancelada, após uma chuva de críticas por parte dos fãs, na internet. Isso porque os produtos seriam inspirados na cidade de Juarez, no México, que tem alto índice de violência contra as mulheres. Na campanha, fica claro o aspecto mórbido e ofensivo dos makes. As marcas pediram desculpas, mas o erro, com o perdão do trocadilho, ficou na cara.
3. Vitrine polêmica: Um dos grandes estilistas da última década Alexander McQueen foi encontrado morto no ínicio do ano. Causa da morte, suicídio por enforcamento. Como um ícone da moda, seria natural que ele recebesse homenagens póstumas e destaque nas vitrines. Mas Selfridges incomodou os fãs do estilista ao pendurar um vestido McQueen em uma estrutura de madeira, que lembrava uma forca. Os polêmicos elementos foram retirados, mas o deslize ficou.
4. Campanhas publicitárias banidas: Agressivos e ofensivos. Foi o mínimo que se ouviu de campanhas publicitárias de 2 grandes grifes da moda, Calvin Klein e Diesel. A 1ª, estrelada pela modelo Lara Stone, foi banida em diversos países, acusada de incitar a violência e o abuso sexual. Já Diesel teve seus anúncios tirados de circulação no Reino Unido, sob alegação de ofensividade e nudez. A grife declarou não entender os motivos para a censura do ensaio, premiado no Festival de Cannes.
5. Gabbana critica Stella McCartney: O Twitter completou em 2010 o processo de explosão iniciado em 2009. Praticamente tudo que acontece no mundo é noticiado e comentado pelo microblog. Muitas vezes, a opinião exposta pode gerar um grande transtorno, e ganhar proporções homéricas. Que o diga Stefano Gabbana que, em conversa com um amigo, afirmou desconhecer a estilista Stella McCartney e ainda admirar o companheiro por dar importância para profissionais insignificantes. O deslize ficou completo, pois Gabbana, supostamente arrependido dos dizeres, apagou o comentário de seu perfil.
Wallpaper Magazine / december 2010
Lá vou eu falar de novo na artista Bárbara Kruger, que é figurinha que freqüenta a tempos este blog, mas, fazer o que, né? fã é fã!!! Mas ela desta vez figura aqui motivada pela chegada (atrasada) da minha revista Wallpaper deste último mês de 2010 e, como sou assinante VIP (este VIP é por minha conta...), recebo o exemplar com capa de tiragem exclusiva, fora da tiragem que se encontra nas bancas de jornal do mundo civilizado ( a frase não exprime o que acho na verdade da civilização que, creio, está cada vez mais perto da barbárie, mas o efeito é chocante, né?), e que trás um trabalho de Kruger estampado em papel especial. Claro que adoro este tipo de coisa, mas gostei mesmo foi de abrir a revista e ver uma matéria de várias páginas sobre a obra desta artista que considero uma das mais contundentes em ação. Deixo algumas imagens dela para vocês admirarem e refletirem sobre o que falam (na verdade, afirmam...). Muito bom!
Aliás, vocês ainda estão se divertindo?
LONDON RIVER
Comprei o DVD do filme London River (2009), que no Brasil se chamou Caminhos Cruzados, sem ter muitas referências sobre ele, mas por lembrar que quando esteve em cartaz em cinemas de arte (em cidades onde existem cinemas de arte...), causou muita conversa, no caso, todas positivas. Estrelado por Brenda Blethyn, que adoro, e pelo ator malinês Sotigui Kouyaté, o filme do diretor Rachid Bouchareb toca fundo nossa alma pelo tema e pelo modo como é apresentado.
A história se passa nos dias que se seguiram aos ataques terroristas que aconteceram no metrô e nos ônibus de Londres, em 2005, e que vitimaram muitas pessoas. Uma mãe (Brenda) e um pai (Kouyaté), em lugares e situações diferentes, dão falta dos filhos e decidem ir até a capital para ver o que houve. Ela sai de uma pequena ilha na costa da Inglaterra e ele de Paris, mas é nas ruas suburbanas da grande cidade inglesa que se dá o encontro de ambos, unidos pela dor e aflição de não ter notícias dos seus respectivos rebentos. Bem, vou parar por aqui porque os desdobramentos da história pedem atenção e se desencadeiam de modo fenomenal nas mãos do diretor, que abre o leque nas abordagens decorrentes para falar de racismo e preconceito, mas também de humanidade e amor.
O filme é uma pequena jóia e fico feliz ao ver que ainda se fazem peças monumentais da sétima arte sem precisar de orçamentos milionários e estrelas de cachês estratosféricos. Os dois principais protagonistas dão uma lição de interpretação e a descoberta que fiz de Sotigui acabou sendo tardia, já que ele morreu este ano. Mas como a eternidade tem muitos caminhos e formas, vou procurá-lo nas imagens do cinema. Existe lugar melhor para se perpetuar?
All we hear is radio GAGA
David La Chapelle não joga barato e a irreverência que lhe é marca registrada aparece no seu trabalho fotográfico constantemente. Ví esta foto que ele fez de Lady Gaga (anda sumida, né?) e não resistí à tentação de postá-la aqui. A imagem é a cara ele (e dela) e Mme. Gagá aparece toda lanhada e com tarjas com textos ou palavras escritas. Será que ela agora quer ganhar fama como suporte literário alternativo? Espero que não porque uma brasileirinha já teve a mesma idéia nas páginas da Playboy. Ufa!!!
Medellín: Será que isto vai acontecer com a gente?
Medellín virou sinônimo de criminalidade e tráfico intenso de drogas até uns anos atrás. Era difícil não associar a cidade colombiana à figura de Pablo Escobar, o mega bandido, que fez com que o mundo se horrorizasse com seu poder bárbaro e a extensão de seus domínios políticos, sociais e econômicos. Mas isto acabou.
Desde que o tráfico foi controlado na cidade, o que aconteceu foi uma transformação radical na sociedade local, em especial naqueles setores da população que sofriam uma indigência administrativa por causa da violência, e hoje Medellín é referência na área de recuperação social e urbana, haja visto a adoção pelo PAC do modelo de teleférico que foi construído no Morro do Alemão, no Rio de Janeiro, cujo projeto foi clonado de um semelhante que foi instalado nos morros e favelas de lá. Mas não é só isso.
Conscientes do poder de recuperação urbana que bons projetos de arquitetura podem promover, a cidade ergue, desde 2008, uma série de prédios, realizados por importantes escritórios e arquitetos, viabilizando novos museus, espaços culturais, praças e bibliotecas, muitas bibliotecas. Parece uma coisa utópica, dito assim tão superficialmente como faço agora, mas o fato real é que as coisas estão funcionando e podem servir também de exemplo para o que se pretende fazer nas comunidades cariocas que passam agora por processos semelhantes.
Será que isto vai acontecer com a gente? Espero que sim.
MPB em versão holandesa
Eu estava na loja do Centro Cultural Banco do Brasil, no Rio de Janeiro, e tocava no som ambiente uma versão de "Dindi", cantada por uma mulher, que me fez ir ao caixa e perguntar quem era. O atendente me disse: "É Laura Fygi". Quem?
Bem, não resistí e comprei o CD, chamado "The lady wants to know", e nunca mais o tirei do play, aliás, juntei à ele outros discos desta artista que possui uma voz deliciosamente sensual e um repertório que dispensa comentários: além de Tom Jobim ela grava Michel Legrand e vários hits do american songbook (Cole Porter & friends).
Laura tem uma história curiosa: nascida na Holanda, morou na América do Sul por alguns anos e boa parte destes no Brasil, daí sua relação afetiva com nossa música, Bossa Nova em especial. Seu repertório de MPB é imbatível e o interpreta com paixão digna de qualquer um dos outros artistas que ajudaram a valorizar nossa música.
Ah, existe um DVD com um show dela que é muito legal.
domingo, 26 de dezembro de 2010
Made in Paraguai
O escritório Laboratorio de Arquitectura, desenvolveu no Paraguai um projeto intitulado de La Casa Hamaca, ou numa tradução direta, A Casa Rede. Possuindo 80m2 numa superficie de terreno de 360m2, o nome lhe foi dado devido à sua forma final, que lembra uma rede de dormir, e pelo conceito estrutural que estabiliza a casa onde dois blocos paralelos aos extremos fazem o contrapeso do teto. A idéia é muito boa e simples, já que o material usado é retirado do cotidiano mais comum: telhas de amianto, lajotas, etc. Como se pode notar, para tudo existe a excessão: nosso país vizinho, com uma imagem tão ligada a coisas mambembes, mostra que boas idéias são acessíveis a todo mundo.
sábado, 25 de dezembro de 2010
Baby look
Vaidade, tudo é vaidade!
Escolhí cinco auto-retratos feitos por artistas para comentar o trecho do Eclesiastes onde lemos que Tudo é vaidade! Todos estes escolhidos - Andy Warhol, Gato Ranch, Patrick Corrigan, Tiuka Katana e Robert Mapplethorpe - posaram contracenando com um crânio humano, ressaltando a única certeza que temos. Inapropriado para festas de fim de ano? Absolutamente: ultra apropriado. Nada como algo que nos remeta para a simplicidade da vida e dos momentos do presente, que devem ser vividos desprovidos de qualquer distorção daquilo que o amor estabelece. Despirmo-nos das vaidades é o desafio do cotidiano.
Deixo o trecho a que me referí para leitura e se deslumbrem com o teor poético:
Vaidade de vaidades, diz o pregador, vaidade de vaidades! Tudo é vaidade.
Que proveito tem o homem, de todo o seu trabalho, que faz debaixo do sol?
Uma geração vai, e outra geração vem; mas a terra para sempre permanece.
Nasce o sol, e o sol se põe, e apressa-se e volta ao seu lugar de onde nasceu.
O vento vai para o sul, e faz o seu giro para o norte; continuamente vai girando o vento, e volta fazendo os seus circuitos.
Todos os rios vão para o mar, e contudo o mar não se enche; ao lugar para onde os rios vão, para ali tornam eles a correr.
Todas as coisas são trabalhosas; o homem não o pode exprimir; os olhos não se fartam de ver, nem os ouvidos se enchem de ouvir.
O que foi, isso é o que há de ser; e o que se fez, isso se fará; de modo que nada há de novo debaixo do sol.
Há alguma coisa de que se possa dizer: Vê, isto é novo? Já foi nos séculos passados, que foram antes de nós.
Já não há lembrança das coisas que precederam, e das coisas que hão de ser também delas não haverá lembrança, entre os que hão de vir depois.
Eu, o pregador, fui rei sobre Israel em Jerusalém.
E apliquei o meu coração a esquadrinhar, e a informar-me com sabedoria de tudo quanto sucede debaixo do céu; esta enfadonha ocupação deu Deus aos filhos dos homens, para nela os exercitar.
Atentei para todas as obras que se fazem debaixo do sol, e eis que tudo era vaidade e aflição de espírito.
Aquilo que é torto não se pode endireitar; aquilo que falta não se pode calcular.
Falei eu com o meu coração, dizendo: Eis que eu me engrandeci, e sobrepujei em sabedoria a todos os que houve antes de mim em Jerusalém; e o meu coração contemplou abundantemente a sabedoria e o conhecimento.
E apliquei o meu coração a conhecer a sabedoria e a conhecer os desvarios e as loucuras, e vim a saber que também isto era aflição de espírito.
Porque na muita sabedoria há muito enfado; e o que aumenta em conhecimento, aumenta em dor.
Toy Art
Old dudes of electronic music I: Walter Carlos
O senhor nas fotos acima é o músico Walter Carlos, exímio adaptador e intérprete de música erudita para sintetizadores. Seu trabalho foi inovador nos anos 70 e gerou uma legião de fãs incondicionais, entre eles o diretor Stanley Kubrick, que colocou a trilha do seu (ainda) futurista filme A Laranja Mecânica nas suas mãos. O resultado foi perfeito e só ajudou a catapultar ainda mais Walter no mercado fonográfico: seus discos alcançaram o record de 500 mil cópias vendidas e deu-lhe o primeiro disco de platina para um artista de música erudita.
Mas ele estranhamente pouco aparecia em público, até que um dia a notícia chega na mídia: Walter Carlos havia se transformado em Wendy Carlos, a mulher sedutora que aparece deitada sobre um Moog na foto acima. Na época a operação foi chamada de redesignação sexual e foi algo escandaloso,trazendo muitos prejuízos à carreira do artista que chegou a dizer que havia se arrependido de ter se submetido à transformação. Com o tempo e os novos hábitos da sociedade, a coisa amainou e hoje Wendy deve ser uma velhinha feliz, leve e solta com seu novo sexo.
Um dos trabalhos mais interessantes de Walter/Wendy Carlos foi a trilha sonora de Tron, nos anos 80, que foi uma das coisas que escapou do fracasso que o filme foi. A obra dele foi toda remasterizada e lançada em 2005 e hoje é possível se ouvir as maravilhas (é muito bom mesmo!) em qualidade digital.
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