sábado, 8 de agosto de 2009

Porque gosto de Roboboy?




Sou um madrugador. Acordo nas vésperas do nascer do sol para seguir para o trabalho, mas não reclamo: como moro em cidade pequena, o silêncio da madrugada me ajuda a me concentrar melhor nas leituras, filmes e outros fazeres das artes. E sempre ligo a TV para ver que filme trash está rolando na transmissão aberta. Às vezes tenho a sorte de assistir algum filmeco de cobras assassinas, monstros intergaláticos e serial killers (como a América adora um, né?). Depois de terminada a programação, sempre sobra uns minutos antes das TVs entrarem com a agenda do novo dia e aí enchem os espacinhos com desenhos animados. É quando assisto Roboboy.

Eu tinha um certo preconceito com as animações da madrugada pois sempre as via como um lixo imposto por alguma produtora alienígena às redes brasileiras, mas comecei vendo Uma Família da Pesada (que faz corar Os Simpsons...) e Roboboy.


Adoro Roboboy...

Com um roteiro intencionalmente repleto de clichês retirados das animações tradicionais, implementado com todos os clichês do cinema e potencializado com as teorias da psicologia-infantil-de-orelha-de-livro, associado a um design gráfico básico e inteligente, as aventuras do menininho loiro e seu super robô é cativante. Claro que nesta clichezada toda junta não seria possível retirar as leituras subliminares contida na animação. Nada que não tenha sido pensado antes em todos os desenhos que o antecederam, mas há uma crítica sobre a invasão cultural oriental que salta aos olhos, e mesmo um comentário ácido sobre a infantilização dos adultos (será meu caso???), cada vez mais misturados no universo infantil.

Resumindo, gosto é gosto e gosto não se discute. Vejam e comentem. O desenho passa às 4:30 da madrugada e pode ser visto quando vocês chegarem da balada ou da rave, tomando um copo de achocolatado para repor as energias...rs...

BIENAL DO MERCOSUL


Já está no gatilho a abertura da Bienal do Mercosul, que, no rally da cultura, já encosta na combalida Bienal de São Paulo como "o" grande evento das artes no Brasil. Este ano promete sacudir as estruturas mais uma vez e eu dei um control C + control V no texto do meu amigo Eduardo Motta para dar um toque nos meus leitores sobre a mostra.


"Grito e Escuta. Com este nome dramático a Bienal abriu oficialmente seu programa para imprensa e público no dia 17 último, em Porto Alegre. Diferentemente das outras que acontecem no mundo, afogadas na questão essencial do ser ou não ser um formato válido, esta, que já nem é tão pequena, vai ganhando corpo a cada edição. A curadoria-geral é da argentina Victoria Noorthoorn, que tem passagem pelo Moma de Nova York e pelo Malba de Buenos Aires, e do artista chileno Camilo Yáñez. A dupla foi selecionada em um processo aberto que avaliou 67 propostas, vindas de várias partes do mundo. Há outros nomes envolvidos, entre eles está o do brasileiro Arthur Lescher. Com exceção da curadora geral, todos os demais são artistas, o que já levanta alguma questão sobre a condução de curadorias, altamente profissionalizadas durante as últimas décadas. Se realmente existe esta intenção, ou se a Bienal valida um novo modo de pensar grandes exposições, ou ainda se ela se junta às suas irmãs em crise, é um mistério a ser decifrado. O que poderá ser feito a partir de setembro. Enquanto esta data não chega, aí vai uma frase do material de divulgação: “O projeto curatorial encontra seu fundamento conceitual na energia criativa dos artistas que postulam, ao mesmo tempo, uma suspensão reflexiva e uma ação expansiva, como formas de transformar o olhar sobre o entorno da realidade.” Os grifos são do original e a foto é do Prudence Cummings, baixada do www.brooklynmuseum.org. Trata-se da performance Loving Care, de 1993, da artista Janine Antoni, que está no line-up oficial. "

Tô de férias mas tô na moda




A máxima de Tati Quebra-Barraco, Sou feia mas tô na moda, terminou como referência a qualquer coisa que exprima o radicalismo fashion. Sem ser muito radical, - aliás, mais cultural que radical - meu interesse cada vez maior pela conversa da moda com a arte me seduz. E nada como estar na cidade grande para dar um mergulho nas oportunidades que as novas idéias surgidas deste binômio fornecem. Vamos lá...
No Centro Cultural Banco do Brasil vi a mostra Virada Russa, com a produção dos artistas plásticos daquele país no período do Construtivismo, Suprematismo, etc. Com obras maravilhosas, como um Chagall e muitos Kandinski , a exposição não deixou de fora as atuações deste grupo de artistas em outras áreas, tal como design, arquitetura e moda. Pois é...moda. Existem figurinos feitos por Rodchenko, roupas cenográficas e estamparias que, se não emocionam pelas idéias lá executadas, nos espantam pela atualidade. Potencializadas por uma montagem muito boa, as roupas se transformam em objetos isolados, com um discurso próprio, já agregadas de todo o significado histórico. Vale a pena dar uma olhada.
Na Livraria Cultura, em São Paulo, vi o livro Radical Fashion, que na verdade é um super-catálogo de uma exposição montada no Victoria & Albert, em Londres, sobre as interfaces da moda com as artes plásticas. Claro que muitas intervenções acontecidas durante a mostra londrina foram pensadas em função do assunto e do espaço expositivo, o que faz com que o impacto das instalações, por exemplo, seja um choque. As surpresas são muitas ao folhearmos o livro, mas eu estava em companhia de um amigo que viu a exposição e disse que era sensacional. Não comprei o livro (!!!) mas comprarei...
Finalmente, no Shopping Center Iguatemi, também em São Paulo, vi uma – talvez a mais – bela e inteligente montagem de vitrine de moda. Foi na loja de Christian Louboutin, o shoemaker dos sapatos de solado vermelho, recém inaugurada neste espaço de luxo que é o shopping. Na verdade os sapatos são de tirar o fôlego, e, se não parecem esculturas, parecem jóias para se usar nos pés. Aliás, por seu design escultural parecem (e são...) uma tortura para as mulheres que os usam. Mas, nas palavras de Louboutin, seus calçados não são para dar conforto, e sim prazer estético...Fazer o que, né?

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

A vida segue seu rumo...



Após 2 semanas de férias, volto a um mundo que não foi o que deixei antes de viajar: meu lugar de trabalho paralisado por uma radical decisão de suspensão das aulas por prevenção à gripe suína. Nem Nostradamus poderia ter imaginado esta submissão da humanidade aos porcos...A metáfora se fez real...
Bem, e qualquer forma as férias foram boas. Vi uma ótima exposição sobre Jean Dubuffet em SP (Pinacoteca) e outra tão boa quanto sobre a Virada Russa no Rio (CCBB). Comprei muitos livros de arte, literatura e revistas essenciais (Oh, Wallpaper...how I love ya!!!). A temperatura foi amena e vi dias estonteantes no Rio, cada vez mais lindo, principalmente quando paramos de olhar as favelas com olhos preconceituosos.
Como presente pessoal trouxe na bagagem uma belíssima máscara africana do Mali, comprada num antiquário, que repousa em cima do piano de cauda da minha casa, esperando um suporte mais digno. Mas tudo isto é apenas um preâmbulo para fazer um comentário sobre a trilha que tocou no meu MP3 durante os passeios: o disco Sirena da banda inglesa Cousteau.
Os Cousteau são londrinos, cujo primeiro álbum, homônimo, data de 2000. A banda é composta basicamente por 3 sujeitos: Liam McKahey (voz e percussão), Robin Brown (guitarras) e Joe Peet (baixo, guitarra e violino) e lançou seu último disco, Nova Scotia, em 2005. Considero o Sirena, de 2002, um excelente trabalho e, se alguém quiser iniciar-se no Cousteau, aconselho começar por ele.
O grande destaque do grupo - fora as músicas, claro – é o lead singer Liam McKahey, um fenômeno vocal com poucos rivais no universo da música atual.
Para falar deste álbum vou ter que lançar mão de referências musicais meio desconhecidas de muita garotada, mas que pertencem à história da música, como o maestro americano Burt Bacharat, do francês Serge Gainsbourg e do camaleão David Bowie, entre outros muitos. Não é pouco, nota-se. Pois o grupo – e a voz de Liam - tem uma musicalidade associada a trabalhos destes citados. Claro, tudo temperado com pitadas de bandas contemporâneas, dentre elas o Radiohead (como fugir deles? Impossível...) e outras grandes contribuições.
O clima é de intimismo, meia-luz, aconchego e romance, muito romance. De cara achamos as músicas meio nostálgicas, e são mesmo. Mas depois percebemos uma grande contemporaneidade nos arranjos, o que as deslocam de um lugar datado para um hoje refinado e cult. Liam sabe o que faz, e seus colegas também...Mas o grande puncto do disco é o vocalista que pode ser incensado tranquilamente porque é bom pra caramba. Liam soa meio Gainsborough com acentos de Bowie em Diamond Dogs. Pauleira...A música Sirena, que dá nome ao disco, é um monumento à inteligência. Só ela já vale o disco todo, mas o resto também é muito bom.
Bem, como já notaram, o texto é “babão”...destes que fãs escrevem sobre seus ídolos, mas aconselho:Juntem-se a mim e verão que não há cegueira alguma no meu comentário, só luzes...no caso difusas, pois o Cousteau canta no cantinho de uma sala iluminada por um abajur solitário.