Dando aula sobre moda e cinema, uma das sugestões que fiz aos alunos foi que asistissem ao filme Tommy, do diretor inglês Ken Russell. Este filme, realizado em 1975, é a adaptação para as telas da ópera-rock homônima do grupo pop The Who, cujo disco foi um sucesso assombroso na época, em 1969. Na verdade Tommy é um clássico do rock e ainda arrebata fãs até hoje.
Bem, a referência a este filme surgiu porque os figurinos são um arraso, em especial os da atriz Ann-Margret, que faz a mãe do personagem título. Se Ken Russell era um louco destrambelado, neste filme ele exacerba em todos os ítens que compõem uma produção: roteiro, direção, cenografia, figurino, make-ups e tudo mais. No todo, os trabalhos dele não fogem muito a esta regra (ou estilo): sua filmografia é quase uma seqüência de cinebiografias de famosos, como realizou em Lisztomania (Franz Liszt), The Music Lovers (Tchaikovski), Valentino e Mahler, sempre com abordagens alegóricas e alucinadas. Eu gosto. Mas muita gente detesta.
Tommy é bastante subestimado, mas tem seus méritos. Nele assistimos boas performances de estrelas do pop como Tina Turner, Eric Clapton, Elton John e o próprio grupo The Who, e também a de bons atores como Oliver Reed e Jack Nicholson. E Ann-Margret, claro, que, na verdade, segura a onda do filme e a de Ken Russell.
Saída de uma carreira onde despontou como dançarina e cantora - seu hit cinematográfico foi Viva Las Vegas, ao lado de Elvis Presley - Ann também tem boas interpretações em filmes dramáticos. Neste que comento ela faz uma colagem de papéis de outras produções, assim como o design dos figurinos seguem este raciocínio. O auge de sua performance em Tommy é a famosa cena do banho de espuma/chocolate/feijão que toma sensualmente num quarto totalmente branco. Só por isto vale dar uma olhadela no filme, mas, acreditem, tem muito mais a ser visto.