domingo, 27 de setembro de 2009

MODA FRANCESA




O professor João Braga é a maior autoridade em História da Moda do Brasil e aceitou um convite nosso para fazer uma palestra no Museu e Arte Moderna Murilo Mendes sobre a moda francesa. Esta palestra faz parte dos eventos do Ano da França no Brasil em Juiz de Fora e é ponto obrigatório de encontro de todos que se interessam por cultura.

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

ESSE É O CARA!!!







O artista Ricardo Cristofaro faz uma exposição no Centro Cultural Bernardo Mascarenhas onde mostra para o público suas mais recentes esculturas. A surpresa e o espanto são imediatos ao entrarmos na galeria por dois motivos (porém não os únicos): a tremenda qualidade técnica das obras e a extrema criatividade. Este evento merece ser visitado pois dá um up grade na nossa inteligência e isto não é pouco. Ricardo se firma como "o" grande nome das artes de Juiz de Fora.



Coloco o texto que escreví para a apresentação da exposição e algumas fotos das obras.






OBJETO[S] À DERIVA

Os recentes trabalhos de Ricardo Cristofaro foram produto do acaso. Não deste “acaso que não existe”, mas de outro, fruto do seu convívio com a espontaneidade do mundo: o artista se coloca aberto aos possíveis diálogos que o entorno com ele mantém – e estes não são poucos – e destes tira seus poemas visuais. O acaso, nesta situação, é um “acaso consciente”.
Como um andarilho errante, o Ricardo promove uma re-visita aos cacos do cotidiano, colhendo-os movido por critério pouco palpável, flexível – ora, a textura, ora, o material ou a memória afetiva guia sua colheita – e os retrabalha exercitando um raciocínio estendido da assemblage.
Se o assemble promove associações livres que re-situam os materiais num novo contexto, Cristofaro nos entrega seus objetos já significados por sua poética de bricoleur. O resultado é um didático encaminhamento do nosso olhar a novas direções, a novos “perceberes”. Afinal é o que sempre faz o poeta, certo?
Ricardo poetiza quinquilharias e as usa como o outro - aquele que escreve - faz com as palavras: às vezes gastas pelos excessos dos discursos da escrita, as contextualiza sensivelmente para que possamos lê-las como se estivéssemos frente a elas pela primeira vez, e o fazemos arrebatados pelo espanto da novidade óbvia.
É isto que usufruímos nesta exposição: a surpresa de reencontrarmos nossas banalidades redivivas por um novo suspiro de vida, aquele que só a arte pode insuflar. Como Niestzche já havia dito, o poeta errante Cristofaro mostra nos seus trabalhos que “o homem é o grande reinventador de si mesmo”.

Afonso Rodrigues

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

FRANCISCO COSTA


Mais uma vez o estilista brasileiro faz um desfile de tirar o fôlego na semana de moda Spring/Summer 2010, de New York. Este efeito "falta de ar" fica por conta a extrema criatividade de Costa na manipulação mínima do material das roupas (high and low tecnology) e da sua modelagem cada vez mais escultórica. Num primeiro olhar, tudo parece um tanto quanto deslocado dos excessos que boa parte dos designers de moda cometem, mas a surpresa vem com o contato mais íntimo com as roupas, desde o toque surpreendente dos tecidos (sim, a roupa de Francisco pede proximidade...) até mesmo o jogo de luzes e sombras criado pelo corte inovador. Depois que assumiu o cargo de responsável pela criação das coleções da Calvin Klein (o manager que dá nome à marca prefere, atualmente, flanar pelo Rio de Janeiro) já ganhou grandes prêmios na área (alguns deles seguidamente), um reconhecimento da crítica especializada à sua ousadia de provocar novas leituras da roupa como depositária de um pensamento linkado com a arte contemporânea.

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

CRUMB é DEUS


Em breve conheceremos o trabalho Gênesis, do cartunista Robert Crumb, que está previsto para sair no Brasil até o fim do ano. Para não fugir à regra e ser coerente com seu trabalho irônico e ácido, o americano (na verdade um refugiado que saiu dos EUA e mora na França) pegou a Bíblia e ilustrou em HQ o livro do Gênesis, fazendo um trabalho que, segundo ele, seguiu "palavra por palavra".

Chíííí!!! Em se tratando de Crumb podemos esperar tudo.

Como sou fã deste cara desde os anos 70, quando lí suas histórias na revistinha "Grilo", ele melhora como os vinhos, no passar dos anos. E, tal qual, azeda facilmente se não é manipulado com cuidado. Vale a pena uma leitura de sua obra que extrapola os universos fechados das classificações homogenizadoras.

When in New York, in the 70's, I wear a Tshirt with a Crumb's cartoon showing two ducks flying and fucking writin "Fly United"...rs..."Fly United" era o slogan da United Airlines...Esse é "o" cara!!!

Quequeéisso,gente!







Escultura/Arquitetura


A espetacularização da arquitetura é uma das características do nosso início do século XXI. Se Renzo Piano extrapolou com o Centre Georges Pompidou, no século passado, os que vieram após ele extrapolaram com a tecnologia arquitetônica. Tudo sobe, tudo flutua, tudo constroi, tudo desconstroi, tudo confirma, tudo desafia...Koolhas, Forster, Gehry, Rogers, Ohtake, Hadid...viva os novos escultores do espaço.

Jean Rouch, enfim!


Enfim conseguí fazer uma mostra com os filmes de Jean Rouch, que vai acontecer na Videoteca do CCBM de 22 a 27 de setembro. Sempre tive esta vontade, mas conseguir os filmes deste cineasta era difícil, sendo que no Brasil poucos acervos viabilizavam o empréstimo. Mas eis que uma amiga me presenteia com seis documentários dele, o que me fez logo colocá-los para o público. Como eu estava envolvido nos eventos do Ano da França no Brasil, organizei esta mostra que, certamente, surpreenderá muita gente.

Gosto do Rouch pelo seu cinema limpo de lugares comuns, de clichês, e do modo como se relaciona com seus protagonistas e suas histórias. Encontramos nas suas produções um outro ser humano, longe da nossa referência cotidiana, mas repleto da mesma humanidade. Pode parecer um tanto preconceituoso olhar para o outro como um "estranho", mas não fui eu que iniciei este status social: infelizmente existe uma hierarquia imposta onde se estabelecem valorizações além da nossa vontade, daí os filmes de Rouch serem tão importantes: quebram muitos critérios de classificações de "gentes".

AMIZADE ANTIGA


Enfim abre nesta sexta-feira, dia 18 de setembro, a exposição 100XFRANCE, que dá uma boa visão do desenvolvimento da fotografia naquele país. Administrar e coordenar um evento internacional como este deu um trabalhão, exigiu um bom tempo de dedicação e aprendizado, mas o prazer de estar viabilizando para Juiz de Fora tamanho acervo visual é incomparável.

Mas o grande prazer mesmo é o meu, fã incondicional da imagem fotográfica, e ter nas mãos estas reproduções (algumas originais e outras - mais raras - cópias) foi muito emocionante. Quando ví todas as 100 fotos penduradas nas paredes do CCBM percebí claramente a fotografia nascendo como tecnologia e terminando como linguagem de arte. Creio que meus alunos perceberão isto também, confirmando o que digo em sala de aula ao visitarem a mostra.

O curioso é que eu pegava nas fotos de Disdéri,Cartier Bresson, Baldus, Nadar, Sieffe, Lartigue e muitos outros com uma intimidade curiosa, como se fossemos velhos conhecidos. Eu já tinha sentido esta sensação certa vez no CCBB, no Rio, onde, ao visitar uma exposição de fotografias francesas, me sentí reencontrando felicidades antigas da minha própria vida.