sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

De volta à luz






Ela nasceu na França mas mudou-se ainda jovem para a América, onde exerceu a função de babysitter por um bom tempo da sua vida no período que morou entre Chicago e Nova York. Vivian Maier era apaixonada por fotografia e fez registros maravilhosos com a sua Rolleiflex quando saía pelas ruas, assim como uma flanêur,captando o que achava interessante. Aí, então, podemos encontrar o diferencial que fez com que esta artista marcasse terreno na fotografia moderna: Mme. Maier olhava com visada apurada para a vida nas ruas das metrópoles, registrando espaços e pessoas, procedimento que podemos comparar com o que hoje é feito como "vanguarda" pelo Sartoralist Scott Schumman e Garance Doré. Porém, na metade do século passado, o anonimato era mais acessível do que a visibilidade, e as imagens desta mulher ficaram meio perdidas.
Em 2007, John Maloof, um jovem escritor comprou uma caixa repleta de negativos enquanto fazia uma pesquisa para o livro que estava escrevendo e acabou por ficar apaixonado pelo trabalho da desconhecida fotógrafa. Desde então, Maloof não poupou esforços em explorar ainda mais o trabalho dela, bem como em descobrir a identidade da autora de modo a garantir o seu devido reconhecimento. Munido de um interesse de colecionador, Maloof encontra-se atualmente reproduzindo digitalmente todo o arquivo pessoal de Vivian, bem como, a lutar pela divulgação e reconhecimento deste maravilhoso trabalho.
Nossa artista faleceu aos 83 anos sem saber que foi uma das melhores fotógrafas de rua de todos os tempos.
Como sou um admirador da vida urbana - da "alma encantadora das ruas", como disse João do Rio - o impacto que tive ao ver as imagens de Vivian (sugestão do amigo Fred Spada) foi de arrebatamento. Acho que ela fez um belíssimo ensaio sobre uma situação que se instalava nas cidades e que, com o andar do tempo, se espalhou por todos os centros urbanos, independentemente se é uma cidadezinha do interior ou uma megalópole: os cidadãos comuns se misturam com os exilados urbanos, a cidade se transforma entre as novidades e as ruínas, e os constrastes se estabelecem como marca de um espírito que chegava para ficar.

2 comentários:

  1. Deliciosamente impressionante. Seus posts sobre fotografia são extremamente sadios e, por isso, políticos. São ótimos pra revigorar a vontade de arregaçar as mangas! Obrigado sempre!

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  2. Oi amigo. Eu é que agradeço a freqüência e os comentários. Vc é sempre bem vindo.

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