quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

De volta para casa






Um projeto ambicioso trouxe ao Brasil, pela primeira vez, uma das obras mais imponentes do pintor Cândido Portinari: os dois gigantescos painéis que compõem a obra "Guerra e Paz", instalada na sede da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York.
Por questões de conservação, a obra foi desmontada em agosto de 2010 e transportada para uma restauração completa e para uma série de exposições públicas em várias cidades do Brasil e do mundo.
Os murais de 140 m² cada, que retratam o sofrimento da guerra e o conforto da paz, foram encomendados a Portinari para exibição no acesso ao plenário da Assembleia-Geral da ONU. Antes de serem levados para os EUA, em 1956, foram expostos no Brasil por uma semana.
A primeira exibição pública da obra no retorno ao Brasil ocorre agora no Theatro Municipal do Rio, mas os responsáveis pelo projeto já negociam exposições em Brasília, São Paulo, Belo Horizonte, Paris e Alexandria (Egito) até 2013, quando os painéis serão devolvidos às Nações Unidas. "Será uma grande oportunidade de ver de perto uma das últimas grandes obras de Portinari", avalia o filho do artista, João Candido Portinari. "Os painéis são um grande grito brasileiro pela paz, mas ficaram por mais de 50 anos restritos a um prédio a que o grande público não tem acesso."
A viagem e a recuperação dos dois murais fazem parte de uma operação complexa viabilizada por um financiamento do governo. Os recursos serão usados para pagar a desmontagem dos painéis (28 grandes placas de madeira), o transporte, o armazenamento, a restauração e o seguro das peças por três anos.
A vontade de tornar pública a estada da obra no País é tanta que até o trabalho de recuperação dos painéis será aberto a visitações, no Palácio Gustavo Capanema, no centro do Rio. Durante quatro meses, uma equipe vai corrigir os efeitos da umidade na superfície da pintura e as falhas nas junções entre as placas.
Se você quiser conferir a beleza deste trabalho que, diga-se de passagem, nem o autor viu montado (Portinari morreu intoxicado com as tintas que usava para pintar), vá ao Rio munido de paciência pois a fila dobra o quarteirão do teatro muitas vezes. São mais de mil pessoas se espremendo para ver a obra no palco, o que potencializa o impacto e a monumentabilidade do painel. Mas vale a pena.




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