sábado, 23 de abril de 2011

Fala aí, "Bróder"!






Enfim, depois de muito tempo de espera, chega às telas brasileiras o filme "Bróder", do diretor Jeferson De. Refém das estratégias de lançamento de produções nacionais, que ficam na fila de espera das estréias dos blockbusters internacionais, o filme, realizado a oito anos, não ficou quietinho sentado à beira do caminho: foi selecionado para o Festival de Sundance, foi para o Festival de Berlim e ganhou prêmios e mais prêmios mundo afora. Isto sem falar nas parcerias alcançadas com a Petrobrás e a Sony. Bem, agora é a vez do Brasil conferir o filme.
Estrelado por Caio Blat,Jonathan Haagensen e Cássia Kiss, entre outros, o que narra é a história de tres amigos que moram no Capão Redondo, e o diretor faz isto sem grandes arroubos de criatividade mas imbuído do espírito dos "pequenos épicos", onde a vida de pessoas comuns é boa amostragem da humanidade que todos dividimos. A interpretação do elenco - Caio Blat à parte, excepcional - segura a onda e justifica tanta badalação em torno da obra.
É mais uma obra do cinema nacional a não perder.

sexta-feira, 22 de abril de 2011

Os olhos da guerra






Vários Jornalistas, diplomatas, representantes da rebelião líbia prestaram homenagem na noite de quinta-feira, na cidade de Benghazi, aos dois fotógrafos de guerra mortos quarta-feira na cidade cercade de Misrata - Tim Hetherington e Chris Hondros.
Junto minha modesta voz à de Abdel Hafiz Ghoqa, vice-presidente do Conselho Nacional de Transição (CNT), que é o órgão oficial da rebelião líbia, que disse: "São heróis... Vieram dar testemunho do conflito ao mundo"
Tim Hetherington (acima, sem barba), colaborador britânico da revista Vanity Fair, e o americano Chris Hondros, da agência Getty, foram atingidos na terça-feira por tiros de morteiro no centro de Misrata, cidade do oeste líbio. Os corpos serão repatriados a seus países de origem.
A missão destes ousados profissionais é mostrar ao mundo imagens que reflitam o que é um conflito armado, mesmo conscientes dos inúmeros riscos que correm.Tim Hetherington cobriu numerosos eventos belicosos nos últimos dez anos e recebeu muitos prêmios, entre eles o World Press Photo Award, em 2007, por suas fotos de soldados americanos no Afeganistão. Depois realizou o documentário Restrepo, indicado para o Oscar.
Chris Hondros (acima, de barba) cobriu os conflitos de Kosovo, Angola, Serra Leoa, Afeganistão e Iraque. Ganhou em 2006 a medalha de ouro Robert Capa por sua "coragem e iniciativa excepcionais" no Iraque.
Resta esta homenagem a estes fotógrafos que, mesmo imersos na brutalidade humana, conseguiram tirar deste inferno imagens de profunda sensibilidade.

Paixão de Cristo


Hoje é Sexta-Feira Santa e celebra-se no mundo cristão a paixão de Cristo, porém, vivendo num mundo nada ortodoxo, as representações desta data passa por interpretações variadas que envolve desde cineastas polêmicos, escritores ousados e artistas plásticos iconoclastas. Só para ilustrar este breve comentário, coloco acima uma abordagem em pictograma do sacrifício deste personagem que, acreditando a gente ou não, mudou muita coisa na história da humanidade.

Escrevendo com a luz






Se alguém leva a sério a expressão "escrevendo com a luz" quando realiza seu trabalho de fotografia, este alguém pode ser o fotógrafo carioca Renan Cepeda. A primeira vez que ví uma exposião de suas fotos foi em 2007 e já fiquei fã. Nascido em 1966, ele começou a fotografar em preto e branco já com 11 anos de idade, profissionalizando-se em 1987. Sua grande escola foi a experiência no fotojornalismo e já colaborou para as maiores publicações do país, tais como Jornal do Brasil, Folha de São Paulo, Veja, Época, Isto É, Elle, Exame, entre muitas outras. Foi correspondente da agência francesa SIPA-Presse no Rio, de 1993 a 1995. Em 1996 fundou o “Arte de Portas Abertas” no bairro carioca de Sta. Teresa.
Dedicando-se hoje integralmente à fotografia de arte, Renan Cepeda é reconhecido pelas pesquisas artísticas sobre técnicas fotográficas incomuns, como a fotografia infravermelha - que estuda desde 1991, elaborando a série “Invisíveis” – e a coleção “Pichações”, em que aplica processos de iluminação pontual sobre casas desabitadas, trabalho já premiado três vezes: International Agfa Photo Award em 2004; bolsa-prêmio da FUNDARPE - Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco e prêmio-aquisição no Salão de Santo André – SP, em 2005.
Estas informações eu tirei de sites da net mas o fotógrafo possui um site só seu que merece ser visitado. Deixo algumas imagens da série "Pichações", que foi a que eu vi, para vocês se surpreenderem como eu.

quinta-feira, 21 de abril de 2011

And the TED Prize goes to...






Olha só quem foi o vencedor do TED Prize 2011: foi o nosso conhecido fotógrafo francês JR, que levou a premiação conferida pela TED Conference, que busca eleger as personalidades mais inovadoras e empreendedoras do ano no mundo.
JR - que está nas fotos acima pulando frente a um imenso par de olhos - é conhecido por exibir as suas imagens em tamanhos grandes, em lugares inesperados. Sua intenção é tirar as fotos do seu contexto e dar um novo significado, trazendo para o espectador que circula nos espaços ocupados por seu projeto novas percepções sobre o mundo, a vida e o outro.
Em 2008, ele realizou uma de suas ações no Morro da Providência, no Rio de Janeiro, mostrando, em ampliações fotográficas coladas nas casas da comunidade, os rostos de seus moradores, dando visibilidade ao conglomerado que tende a ser visto como uma "área cega" no contexto urbano, habitada por anônimos. Ao mostrar que alí moram pessoas, JR quebra a distância gerada pelos padrões econômicos e sociais e aproxima os habitantes da metrópole uns dos outros.
Além da interferência nos barracos, ele também levou seu trabalho para o centro da cidade, colando as caras dos moradores do morro nos Arcos da Lapa e na fachada da Casa França-Brasil.
Só para termos uma ideia de quem são os premiados pela TED Conference, no ano passado o vencedor do TED Prize foi o jovem chef Jamie Oliver, pioneiro da culinária britânica e incentivador de um projeto de melhoria na merenda das crianças inglesas.

Respeitando as diferenças


Ví esta propaganda e gostei do enfoque no respeito às diferenças. O tema é atualíssimo e nunca é demais falar disto, já que ainda existem comportamentos renitentes quanto às liberdades de se ser. É pra curtir a boa ideia.

terça-feira, 19 de abril de 2011

Onde está Wei Wei?






O mundo das artes - e o restante também - já tornou pública a sua preocupação e indignação com o desaparecimento do artista plástico Ai Wei Wei, preso pela polícia chinesa ao desembarcar no aeroporto quando embarcava para Hong Kong, no dia 4 de abril passado.
O artista, com 54 anos, é o artista mais importante da China no mundo atualmente e atua também como curador, arquiteto ( o estádio "Ninho do Pássaro" tem o dedo dele), designer, filósofo e ativista político. Filho do renomado poeta Ai Qing, - que foi colocado num campo de trabalho forçado por sua luta contra a falta de liberdade na China - Ai Weiwei e sua família lá permaneceram entre 1958 e 1975. Em 1978, ele frequentou a Beijing Film Academy, depois fundou o grupo Star, ligado à avant garde. Entre 1981 e 1983, morou nos Estados Unidos tendo frequentado a Parson School of Design. Sua postura como pensador da arte foi influenciada por Duchamp e Rauschenberg.
Quando retornou à China, Wei Wei tornou-se um dos pioneiros da arte contemporânea. Em 1999, construiu em Changdi seu ateliê/residência ao custo de um milhão de euros, que foi demolido pela polícia chinesa em 2010 (numa das fotos acima aparece o artista nas ruínas)e, nesse mesmo ano, foi preso e espancado pela polícia.
Sua prisão em abril passado tornou mais tensa a relação do governo chinês com a comunidade internacional já minada por uma extensa lista de rupturas com os direitos humanos. Numa das últimas declarações do porta voz do governo ao público dizia que "Wei Wei já estava colaborando e confessando seus erros", abrindo o debate sobre a veracidade desta notícia e como estas declarações do artista podem soar verdadeiras e oriundas de algo que não seja a tortura.
Os brasileiros tiveram contato com o artista na última Bienal de São Paulo, onde ele apresentou um grupo de esculturas de bronze simbolizando os animais do zodíaco chinês. Além de SP, Wei Wei participou também das Bienais de Veneza e Liverpool. Graças ao seu trabalho de vanguarda a voz deste defensor da liberdade de expressão se fez ouvida por todo mundo por tornar pública a agressão do governo da China à cultura milenar daquele país, atualmente seduzido pelo capitalismo ultra-selvagem que passa como um rolo compressor sobre milênios de arte e identidade em nome do progresso.
Wei Wei já fez trabalhos usando portas e outros objetos com mais de 2 mil anos que recolheu nas demolições realizadas pelo seu governo para dar lugar a um modernismo patológico, que deforma e/ou apaga a identidade do seu povo. Uma de suas obras que sou fã é a série de trabalhos que realizou onde colocou a logomarca da Coca Cola em vasos originais de antigas dinastias chinesas.
Resta torcer para que a comunidade internacional faça algo para libertá-lo deste pesadelo.

domingo, 17 de abril de 2011

Nem pense em perder






Você gosta de literatura, admira arte contemporânea, adora interatividade com obras de arte, se delicia com interfaces com eletrônica, acha o máximo isto tudo junto? Então não ouse perder a exposição "I in U", ou "Eu em tu" como foi traduzida por aqui, da artista multimídia norte-americana Laurie Anderson, em cartaz no Centro Cultural Banco do Brasil no Rio de Janeiro (até 26 de junho).
A inquieta artista/performer - na foto acima com o rock star Lou Reed, parceiro e amigo - vem fazendo seu trabalho desde os anos 80 onde marcou terreno com a sua composição "O Superman" e não parou mais de mexer nos cânones da arte linkando-a com atuações em palco onde fazia reflexões com a linguagem e com a literatura, além de catapultar nossa percepção de espaço e tempo para outras esferas. Em seu hit "Language is a virus" Laurie se ancorava nas teorias da linguística de que o desenvolvimento da fala se deu por causa de uma contaminação virulenta que atingiu nossos antepassados e causou mudanças no cérebro que permitiram o desenvolvimento da comunicação oral. Bem, deixo os desdobramentos por conta dos experts.
A mostra do CCBM já esteve na filial da casa bancária em SP, onde a vi, e traz espaços interativos, projeções de imagens, ambientes e todos os etcs que acompanham suas mostras pelo mundo. Acho importantíssimo ver esta montagem porque é um ótimo exemplo dos caminhos da arte hoje.

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Ajuda em caixas




Quem não se emocionou com o drama vivido pelos japoneses com a tragédia do terremoto e do tsunami de 11 de março passado? Além das horripilantes imagens de devastação, depois de passado o primeiro choque, surgiram as evidências de que milhares de pessoas perderam suas casas e pertences. As TVs mostraram montes de destroços onde havia anteriormente residências, escolas, hospitais, enfim, cidades inteiras. Daí para a frente era chegada a hora da reconstrução.
Ví no blog de uma amiga arquiteta que, liderada pela empresa Yasutaka Yoshimura Architects , associada à Nowhere Resort,surgiu a ação comunitária Ex-Container Project, cujo principal objetivo é promover imediata morada para aqueles que perderam seus bens. Como o nome já indica, esta empresa fazia adequações de containers comerciais para se transformarem em espaços habitáveis. Munidos desta ideia os arquitetos criaram caixas de morar cuja viabilidade econômica é de baixo custo e a portabilidade facilitada pelo formato minimalista. O que observamos é que a simplicidade e objetividade, mesmo gerada em processo criativo em regime de urgência, não precisa ser nem feio, nem burro. A solução encontrada é de um charme imenso e transborda inteligência. Reparem como em conjunto, as caixas são interessantes soluções urbanas e parecem o que são: bons lugares para viver.

Desta água não beberei







Cresci e adolesci em meio à avalanche de imagens da Guerra do Vietnã. Muitas coisas ficaram gravadas na minha mente oriundas daquele dramático conflito entre o comunismo e o capitalismo. Uma das referências que tenho deste período histórico é a figura do líder Ho Chi Minh, cujo nome foi dado a uma trilha construída quase que a pá e enxada no meio da selva tropical, que margeava a fronteira entre o Vietnã e o Laos, por onde passavam os guerrilheiros do norte para suas ações bélicas contra o exército norte-americano no sul. O resultado desta guerra já sabemos, e o nome deste líder popular foi dado à cidade de Saigon, antigo nome da capital da parte perdedora da nação vietnamita, firmando assim a vitória do comunismo, do proletariado e da instalação da libertação de um povo dos grilhões do capitalismo. Então tá, né?
Ví numa revista a inauguração da loja da Runway na Ho Chi Minh City (escreve-se exatamente assim...em inglês) que é um projeto dos milaneses do CLS Architetti's e que fascinou a proprietária Tran Thi Hoia Anh por causa dos projetos que fizeram para as lojas da Missoni e Jill Sander. A loja, localizada no super mall Vincom Shopping Center, foi concebida como uma caverna marinha congelada e usa materiais sofisticados como cristais e mesas de laca chinesa. O resultado artístico é impressionante, mas não pude deixar de lado as reflexões sobre as voltas que o mundo dá e do poder da grana que "ergue e destrói coisas belas", incluindo aí ideologias.
Deixo este comentário de duplo sentido onde fica claro o espírito da globalização econômica e sua sobreposição às políticas sociais. Ah, e nunca diga "Desta água não beberei"...

Gagagain






Lá vem ela de novo sacudir o palanque. Lady Gaga vai lançar seu novo clip e a imprensa, os fãs e os detratores já afiam os sentidos para as esperadas reações. Se no clip "Judas" ela foi apedrejada pela pretensa heresia - e por ser cada vez mais vista como uma manipulação genética do DNA de Madonna que deu errado -, a cantora surge na Harper's Bazaar deste mês num ensaio do (também) polêmico Terry Richardson mostrando a que veio. Reparem na roupa com múltiplos seios: lembra o famoso vestido criado por Salvador Dali e que está no acervo do MASP, em SP. Como já disseram, não existe nada de novo debaixo do céu.

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Na torcida






Foi divulgada a lista de indicados ao Prêmio Eisner deste ano, que é referente a trabalhos publicados em 2010.
Os irmãos brasileiros Fabio Moon e Gabriel Bá, vencedores do Eisner em 2008, foram indicados com a minissérie Daytripper, da Vertigo ,que será publicada no Brasil pela Panini Comics.
Outro brasileiro, Rafael Albuquerque, também foi indicado com a revista American Vampire, outra série da Vertigo/DC Comics, está já publicada no Brasil na revista Vertigo, da Panini Comics.
A DC Comics ,incluindo os selos Vertigo e Wildstorm recebeu 14 indicações ao prêmio, o que mostra a força da empresa.
O álbum com maior número de indicações — cinco no total — é Return of the Dapper Men, de Jim McCann e Janet K. Lee, da Archaia.
Outros autores que se destacaram com múltiplas indicações foram Mike Mignola (fera!!!), Joe Hill e Nick Spencer. Diversas HQs europeias também foram indicadas, incluindo O Incal, de Jodorowsky e Moebius, e It Was the War of the Trenches, de Jacques Tardi, entre outras.
Em resumo, o Eisner será disputadíssimo e mais uma vez os nossos artistas se destacam na área dos quadrinhos mostrando que o ramo é forte para aqueles que a ele se dedicarem.