quinta-feira, 27 de janeiro de 2011
748.600
O número no título deste post é o resultado de um programa virtual de formação prática em curadoria concebido pela curadora Rejane Cintrão e empreendido pela Expomus. Em novembro de 2010, o projeto curatorial de Renan Araujo, 748.600, foi escolhido para ser exposto no Paço das Artes, no Campus da USP, em São Paulo. A coletiva, que abre agora e vai até março, coloca em evidência obras de 14 artistas brasileiros da década de 1970 até hoje, nas quais o dinheiro é o assunto principal, e lá estão Caio Reisewitz, Carmela Gross, Cildo Meireles, Clara Ianni, Coletivo Filé de Peixe , Denise Rodrigues, Deyson Gilbert, Gerty Saruê , Jac Leirner, Lourival Cuquinha, Marcelo Cidade, Paulo Climachauska, PINO e Rodrigo Matheus
O objetivo desta mostra é evidenciar as questões existentes na produção de artistas brasileiros na qual a prática econômica aparece como mote da construção objetual: subversão do capital, status adquirido, força de trabalho, reinterpretação da economia e formas de escoamento, criação de uma marca de produtos sem funções reais e a conquista de um território aliado à política, sempre de uma forma crítica e com o risco das contradições.
Observa-se que, aliada ao acúmulo e ao capital, existe a ideia de poder, que impera nas obras como consequência, em trabalhos em que aparecem questões como a religião, o Estado, a pornografia, as burocracias e os ambientes legais ou ilegais. O recorte parte da década de 1970, com obras para o espaço expositivo e outras externas.
A ideia da curadoria não é negar o capital, apenas mostra como é seu funcionamento e o que cada artista interpreta como realidade.
Mas, a que se refere o número que intitula a exposição? Ele é a quantia de grana que teve de ser captada para financiar o projeto. E o aspecto econômico não ficou só nesta referência: até o texto do catálogo foi revisado por especialistas em economia para tornar mais preciso os argumentos da curadoria.
Realizada num momento muito positivo do mercado de arte brasileiro - cuja venda de ítens artísticos bateu recordes em 2010 - e também da exacerbação e ultra valorização da arte no mundo, a reflexão trazida pela mostra é muito bem vinda. O letreiro "SE VENDE", que está na fachada do Paço, de autoria de Carmela Gross, já dá uma boa medida do que acontece lá dentro.
Acima trabalhos de Caio Reisewitz, Jac Leirner, Cildo Meireles, Marcelo Cidade e Carmela Gross.
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