domingo, 15 de agosto de 2010

Saudades do Brasil





Neste momento de eleições e apreensões sobre o futuro da nação me dou a liberdade de fazer um comentário sobre uma experiência vivida:
Houve uma época que ía muito ao sul da Bahia frequentar as praias, as pousadas e mergulhar em Abrolhos com amigos queridos. Numa destas viagens fomos visitar o Parque Nacional do Descobrimento onde está localizado o Monte Pascoal, referência histórica e geográfica aos navegantes portugueses que vendo-o "descobriram" o Brasil.
Subí no alto da montanha e tive uma visão maravilhosa da paisagem se descortinando até o mar, toda coberta da floresta original que o parque preservou, e ainda sendo sobrevoada por um urubú-rei que flanava sobre tudo com suas cores imperiais.
Ao sairmos do parque, na estrada, paramos o carro para melhor vermos a montanha solitária que emergia daquele mar de matas verdes e no som do veículo tocava Tom Jobim na sua sinfônica obra "Saudades do Brasil". Estar alí, olhando para aquele marco histórico e ouvindo a música foi uma experiência única: como num lapso de tempo percebí nossa história como se fosse viva, percebí o Brasil como uma nação e sua realidade sofrida, percebí a sina do nosso povo e os desmandos dos nossos dirigentes que soterraram (e ainda soterram...) uma nação que tem tudo para ter uma história justa e brilhante, mas que pena ainda com a miséria de muitos. Por um breve momento quiz não ter sido "descoberto", quiz ser uma terra perdida no mapa de Prestes João, ainda enigmática e mítica, com seu solo intocável pela "cultura" e sua decorrente barbárie. Finda a música, entramos no carro e seguimos nosso caminho numa estradinha nos confins desta terra brasilis que ainda espera pelo real exercício de seu destino.

2 comentários:

  1. Pois é... são muitos os brasis que podemos contemplar. No entanto, o jeito é tentarmos conviver da melhor maneira possível com essa diversidade ímpar, no afã de um dia, quiçá, conseguirmos costurar todas as diferenças numa identidade única...

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