domingo, 12 de julho de 2009

Lugar único


A Confeitaria Colombo é um lugar único no mundo.

Claro, tudo pode ser único no mundo em suas particularidades, mas me refiro ao fato de que, mezzo andarilho que sou por parte deste planeta, nunca ví nada igual (nem em Paris ou Viena) à esta antiga confeitaria plantada no centro do Rio, como uma ilha de refino no meio daquele caos urbano. Já levei amigos franceses (sempre eles, os juízes do bom gosto) lá e ví o espanto se instalar nos seus rostos. Realmente é inacreditável que um espaço tão pleno de soluções decorativas sofisticadas possa estar escondido numa ruazinha apertada da antiga capital do Brasil.

Resolví escrever sobre a Colombo porque outro dia, indo de carona para o trabalho num carro de um amigo, ele me disse que iria para o Rio numa reunião e que ficaria num hotel no centro da cidade. Bem, falou com o cara certo quando perguntou onde poderia comer. Mesmo sabendo que o local tem rivais tão importantes (historico e gastronomicamente) no centrão carioca (o Bar Luís, por exemplo), sugerí que ele fosse na Colombo pela experiência espacial, pelo arroubo estético. E pela maravilhosa comida.

Sentar naquelas cadeiras de madeira e palhinha, sentir o mármore das mesinhas delicadas, abrir o menu e escolher as delícias dos salgados portentosos, e aguardar ser servido olhando cada detalhe da marcenaria refinada, dos vitrais grandiosos, dos imensos e inigualáveis espelhos bisotados, dos lustres de cristal, - tudo com o devido desgaste que lhes dá o crédito da longevidade - é uma experiência de mergulho num tempo onde o tempo era outro.

Aconselho a quem quer que seja a ir lá. Se der, leve um livro de Machado de Assis e leia um pouquinho dele sentado no salão. Pode ser que alguma coisa faça sentido. E fará.

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