domingo, 12 de julho de 2009

Beleza aconchegante


O Parque da Luz, em São Paulo, é outro lugar de aconchego e tranquilidade. Todo repaginado após uma recente reforma nos arredores, se transformou em área de lazer, tendo como vizinhos o Museu da Lingua Portuguesa, A Pinacoteca do Estado, a Estação Julio Prestes, a Sala São Paulo, a Estação da Luz e o bairro Bom Retiro. Gosto de ir lá um pouco antes do horário dos museus abrirem e sentar num banco perto de alguma das muitas obras de arte que se espalham pelos jardins (a "Craca" é minha preferida) observando crianças uniformizadas que descem dos ônibus de excursão para visitarem alguns dos museus citados. As árvores são lindas, antigas, e compõem uma bela paisagem de contraste (e harmonia) com os imponentes prédios do outro lado da rua. Também guardo na memória momentos muito positivos da minha infância por alí, em viagem com meu pai.

A Pinacoteca tem um pequeno café com mesinhas sobre as sombras das árvores que é um convite ao descanso (sempre vou até lá a pé), com um daqueles expressos que só se bebe em São Paulo. Gosto de ficar alí, escrevendo qualquer coisa num bloquinho de notas que levo sempre em viagens (troquei a câmera fotográfica por este bloquinho) que uso para registrar o que ultrapassa as imagens. E o parque me acolhe.

Como em toda área pública, a "contravenção" está lá. Não consigo mapear os drogaditos (afinal a Cracolândia é pertinho), mas vejo as prostitutas a postos. Essas mulheres me são simpáticas: primeiro pelo visual absolutamente comedido. Sempre com roupas discretas, sem exageros cromáticos, parecem as senhoras que vejo nas ruas da minha cidadezinha no interior de Minas. Qualquer garota adolescente de classe média tem um design físico e de vestuário que exala mais apelos de sedução sexual do que estas anônimas senhoras. Segundo, pela função: já foi o tempo que ser chamado "filho" de uma delas era ofensa suprema. Depois que Melina Mercuri deu vida a uma prostituta apaixonante em "Nunca aos Domingos" eu olhei para elas do mesmo jeito. Sei que é uma visão distorcida e romantizada, mas dedico à elas uma gratidão em nome de todos homens que encontraram nos seus corpos o aconchego de solidões e dores muito maiores das que eles poderiam suportar.

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