domingo, 12 de julho de 2009

Jardim mineiro


Belo Horizonte foi linda.

Infelizmente coloco a frase no passado porque os desgastes que as sucessivas intervenções urbanas gerou na cidade foram desastrosos, o que, na verdade, aconteceu com todas as cidades do Brasil depois dos anos 70. Mas BH era maravilhosa, com seu planejamento, sua arquitetura especial e por ter a cara de Minas, uma cara que não sei dizer o que é, mas sei reconhecer. Me recordo da Avenida Afonso Pena com bondes e árvores cuidadosamente podadas, que foram arrancadas num momento de insanidade administrativa. Mas antes de seguir com o meu rosário de lamentos nostálgicos, quero falar do Parque Municipal, jóia de paisagismo que sobreviveu (ou tenta) à cidade esfomeada por novas áreas a serem ocupadas por seus prédios modernosos.

O parque é no formato dos seus colegas brasileiros, mas é o único que exala um clima que mistura a arcádia clássica com a ingenuidade interiorana de Minas. Qualquer um sente-se em casa naquele lugar, com belas árvores, lago, fontes, esculturas e amplidão campestre que só é cortada por lampejos arquitetônicos que nos recordam que estamos numa cidade grande, como a sutil curva da fachada o Hotel Othon. Mas logo deletamos isto, e é fácil interagir com o lugar.

Neste parque está o Palácio das Artes, local que me trás boas recordações, onde assistí espetáculos que me marcaram quando morei em BH. Tem também o Teatro Francisco Nunes, onde assistí uma Carmina Burana cuja montagem, se hoje seria sofrível, na época me soou perfeita; além do Giramundo, fábrica de encantamentos.

De todos os meus parques prediletos, este é o que menos frequento, menos do que gostaria. Ele já deve ter sido ocupado por todos os personagens esquecidos ou exilados das cidades grandes, junkies ou prostitutas, gente que a cidade esqueceu, mas dividem o espaço com as pessoas que continuam indo lá se divertir, descansar, ou se reencontrar consigo mesmas pela memória. Este é o meu caso.

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