Convidado por um jornal para citar o que aconteceu na primeira década dos anos 2000, fiz a seguinte lista para cinema & afins:
1) A solidificação do cinema independente.
Com tecnologia acessível na mão e idéias na cabeça, quem quis fazer cinema fez e teve visibilidade através da net e dos inúmeros festivais de cinema alternativo do mundo. A contaminação das linguagens do vídeo, do cinema, da animação e da computação gráfica educou os olhares dos diretores e das platéias e acabou chegando no cinemão.
2) O novo cinema argentino.
Sem medo de ser feliz, os “hermanos” criaram um cinema autoral, repleto de reflexões políticas, sociais, culturais e arrebataram o público do planeta.
3) O cinema chinês.
Seja oriundo de Hong Kong, Taiwan ou da China continental, o cinema da China mostrou sua força em produções de grande domínio técnico e plástico. Destaque para Won Kar Wai e sua estética refinada e sua temática dolorida.
4) O “cinema favela” brasileiro.
“Cidade de Deus” abriu o mercado e vieram outras produções onde a periferia das grandes cidades imperou com sua imagem um tanto quanto realista, um tanto quanto estigmatizante. “Tropa de Elite” coroou o fenômeno, que agora invade as telenovelas.
5) As comédias com atores globais.
As telenovelas invadem o cinema com suas abordagens “light” de assuntos domésticos da classe média. Tem gente que adora.
6) As três trilogias da virada anos 99/00.
Star Wars I, II e III, Matrix e Senhor dos Anéis foram ritos de passagem entre os dois milênios. Com construção técnica de tirar o fôlego, lançaram mão das narrativas épicas com personagens arquetípicos dos quais ninguém escapou. Já estão com lugar garantido na história do cinema contemporâneo.
7) A computação gráfica nos filmes.
Ela chegou para ficar. O cinema absorveu esta tecnologia de tal forma que hoje duvidamos de tudo que aparece nas telas: será real ou é digital?
8) Os novos desenhos animados
São vendidos como produções infantis, mas são repletos de temáticas adultas e politicamente corretas. Fazem a cabeça de crianças e de adultos e basta dar uma olhada na platéia para desconfiar que foram os filhos que levaram os pais para o cinema. É o “Efeito Schreck”...
9) O talento comprovado nas bilheterias do brasileiro Carlos Saldanha.
Era do Gelo I, II e III é um caso raro de seqüência bem sucedida em cinema de animação. Não é atoa: Carlinhos é bom pra caramba!
10) Atores e atrizes da década
Lá fora:
Johnny Depp com “Piratas do Caribe”, “A Fantástica Fábrica de Chocolate” e “Sweeney Todd”
E aqui:
João Miguel com “Mutum”, “O Céu de Suely”, “Cinema, Aspirinas e Urubus” e “Estômago”.
Destaques: Julienne Moore e Alice Braga, ambas no “Ensaios sobre a Cegueira”.
Homenagem póstuma: Heath Ledger ( o seu Coringa incomodará muitos sucessores)
11) A dupla Fernando Meirelles e José Saramago:
“Ensaios sobre a cegueira”: O Brasil ficou bem na fita.
12) A invasão das HQs nas telas.
De X Men a Hulk, passando por Batmans seminais, os heróis dos quadrinhos chegaram de vez e faturam alto. Destaque importantíssimo: “Sin City”. Obra de arte incontestável.
13) Ang Lee e o corajoso “Brokeback Mountain”.
Carimbado como “o filme dos cowboys gays” só apareceu assim aos olhos dos desavisados e superficiais. Com interpretações emocionantes de todo o elenco masculino e feminino, este talvez seja o filme onde a impossibilidade do amor foi tratada com majestade. Simplesmente perfeito.
14) Os Simpsons.
Esta série de TV mostra um fôlego inesgotável: é mais de uma década mostrando as imperfeições das pessoas e fazendo graça com isto. Genial.
15) Anima Mundi
A mostra nacional de desenhos animados saiu de seu perfil local para se transformar num mega evento internacional. O Brasil é hoje um dos cinco países que mais produzem animações e boa parte desta conquista está na visibilidade deste festival.
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