quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Brasil medieval






Quando a gente acha que as coisas estão estáveis, surge uma notícia que nos leva a pensar bastante sobre os caminhos da arte hoje. Claro que não posso afirmar que o mundo andou de modo harmônico na direção de uma aceitação do fazer artístico em toda sua amplitude: as limitações do pensamento humano são rompidas por muitas das reflexões que a arte contemporânea faz, o que incomoda sobremaneira as mentes engessadas, haja visto o que Ai Wei Wei sofre na sua China "moderna".
Pois é, esta semana o meio artístico brasileiro foi sacudido pela proibição pela Oi da mostra da artista Nan Goldin, cuja exposição estava agendada a mais de um ano nas galerias do seu centro cultural. Tal atitude teve como "justificativa" o argumento que as fotografias da artista eram "pornográficas", "pedófilas" e quetais. Imediatamente os pensantes do país foram arremessados aos tempos da ditadura quando o território da produção intelectual era continuamente invadido por censuras arbitrárias em nome da "moral e dos bons costumes." O resultado foi uma enxurrada de protestos vindos de todos os lados, incluindo aos da própria artista que se viu chocada com tamanha estupidez.Curiosamente a fotógrafa teve seu trabalho exposto abertamente na última Bienal de São Paulo, o que mostra que o problema é localizado.
Para nossa sorte, a empresa de telefonia foi colocada no seu lugar legitimo de administradora de negócios ( e recordista de reclamações no PROCON)e Nan Goldin foi agendada para expor no MAM do Rio de Janeiro em fevereiro. Mas não precisava ser assim. O que fica é a lembrança - e a advertência - de que estamos entre as dez maiores economias do planeta mas humanamente ainda chafurdamos em mentalidades medievais.

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