sexta-feira, 8 de maio de 2009

Gens defeituosos


Falo com os meus alunos que eu acredito plenamente que tenho "gens defeituosos", no caso híbridos de gens humanos com os gens de Godzilla. É nisto que dá ser criado lendo HQs ou vendo filmes onde as entidades monstruosas prevaleceram. Fui criança nos anos 50/60, onde as sequelas da bomba atômica e da conquista do espaço eram democraticamente exploradas pela literatura, cinema e quadrinhos. Ví muitos filmes de monstros nascidos do subsolo de campos de testes atômicos, ou oriundos do espaço sideral, ou mesmo de mutações genéticas, assunto ainda muito distante da intimidade que temos hoje com esta possibilidade. Aliás de TODAS estas possibilidades. Para quem quiser dar um mergulho mais profundo nestas águas escuras das monstruosidades, leia o livro "Enciclopédia dos Monstros", do incansável pesquisador Gonçalo Junior, que tive o prazer de conhecer e dividir uma mesa de debates sobre quadrinhos e educação na Bienal do Livro. Mas retornando aos monstros cinematográficos, prefiro aqueles de perfil mais "fantástico", já que as monstruosidades "humanas" realmente me perturbam. Noves fora sobra Hannibal Lecter, que é o psicopata mais querido de todos nós: inteligente, culto, refinado e sabe muito bem combinar fígado humano com um excelente Chianti...rs...

Minha memória é plena de seres anfíbios (O Monstro da Lagoa Negra, assustando americanos na Amazônia), seres alados (a Mothra que varre Tóquio com o bater de suas asas), e as variantes saídas do mundo dos insetos, sendo que o filme "Bugs" é um clássico: nele, baratas mutantes são liberadas do subsolo por um terrível terremoto na Califórnia, viajam de um lado para o outro dentro dos escapamentos dos carros e são letais pois, num processo de auto-combustão, incendeiam os cabelos de suas vítimas. Mas o auge de "Bugs" não é este detalhe incendiário: os insetos se comunicam com os humanos se aglomerando e ESCREVENDO frases nas paredes. Em inglês, é claro. Trash total. Porém, neste meu universo particular de seres estranhos, há um lugar de destaque para o "Alien", de Ridley Scott. Eu morava em Belo Horizonte onde fazia minha especialização na UFMG e ví a cidade ser invadida por out-doors com a imagem de um ovo rachado e os dizeres "Seu grito não será ouvido no espaço". Meu Deus, que curiosidade!!! Era o marketing do filme. E, ao assistí-lo, saí chapado com tantas idéias inovadoras. Outro dia o reví em DVD (tenho toda a série) e reparei como os recursos narrativos de Scott viraram escola: depois de Alien, "filmes-de-monstro" nunca mais foram os mesmos. Aliás, todos viraram variações sobre o mesmo tema, em especial o tema do "monstro renintente"...rs...

Minha última paixão é "Cloverfield". Esta produção foi quase apedrejada pela crítica, taxada de "um misto de Godzilla com Bruxa de Blair". Nada disto. "Cloverfield" é filho do You Tube. Sem os códigos visuais disseminados no site onde assistimos aos amadorismos dos filmes domésticos, a montagem de Matt Reeves seria intragável, mas se torna assistível, contando também com o "verossímel testimonial" do jornalismo amador das câmeras de celulares e etc. Sem dizer da concepção do monstro em GCI, que o deixa muito próximo do real, longe dos bonecos animados de antes (ressalva ao Alien genial saído da prancheta de Giger). É isto. A seguir falarei do marketing de Cloverfield.

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