segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Tô indo...(Parte II)






Amigos, vou dar uma sumida para outra viagem de férias, desta vez para Londres e Paris onde pretendo por a vida cultural em dia. Assim que voltar atualizarei este blog com as notas da viagem. Quero agradecer o retorno que tenho tido com a frequente leitura dos meus posts por vocês. Abraços a todos.

domingo, 6 de fevereiro de 2011

Rua Larga






Já tem uns dois anos que o Instituto Light lançou o livro Rua Larga sobre a região por onde passa a Avenida Marechal Floriano, no centro do Rio. Área nobre em tempos passados, o entorno da avenida sofreu com o desgaste que as transformações e deslocamentos urbanos trouxeram, porém (ufa!!!) existe um projeto de revitalização em andamento promovido pela Prefeitura que pretende dar um sopro de vida por ali. Se arquitetônicamente sobram argumentos para que o projeto deslanche - lá estão o Colégio Pedro II, O Palácio do Itamaraty, a Caixa de Amortização e milhares de casas em estilo eclético - socialmente a região está repleta de uma resistência humana que merece ser valorizada: são lojas, barbearias, sebos, bares e restaurantes que abrigam um povo de vida rica e que atesta que viver numa metrópole não é exclusão de um estilo mas uma mélange geral. Eu vibrei com esta iniciativa porque sou assíduo desta área e adoraria vê-la recuperada.
Ah, o livro Rua Larga é um grande barato e tem 200 páginas e mais de 400 imagens da região. Vale a pena pela delicadeza da abordagem.

sábado, 5 de fevereiro de 2011

Outro blog


Tomei uma decisão em função das postagens deste blog. Como sempre estou comentando de comidas e restaurantes, achei que seria mais interessante criar um espaço só sobre isto. Não que não ache que comida e cultura não se misturam, muito pelo contrário, mas num site específico sobre os prazeres da mesa creio que o usufruto do assunto pode ser melhor desgustado. Os interessados acessem www.comendosozinho.blogspot.com

Mama Ruisa






Mama Ruisa é mais um hotel charmoso localizado nas encostas do bairro de Santa Teresa, no Rio de Janeiro. Como gosto de novidades vou conferindo e me surpreendendo com as iniciativas de pessoas que se preocupam em dar um conforto maior aos hóspedes da Cidade Maravilhosa fugindo das regiões praianas. Nada contra abrir a janela de um hotel e ver o mar, Copacabana, Ipanema, Leblon ou a Barra da Tijuca, mas o conceito do Mama é outro.
Localizada num casarão do século XIX, o hotel - ou pousada, as you wish - tem como ponto forte a exclusividade: são apenas sete quartos, alguns com varandas abertas para a Baía de Guanabara, com decoração refinada que vai desde móveis de designers nacionais famosos, passando por obras de artes plásticas nas paredes, até maravilhosos exemplares de arte plumária brasileira. Tudo isto amparado por staff preparado para atender os caprichos dos hóspedes, como um almoço servido na piscina, um café da manhã na varanda aberta para o Pão de Açúcar ou mesmo contratando um motorista particular. A ideia e sua concretização saiu da cabeça do francês Jean Michel Ruis, que não mediu esforços para que seu cantinho figurasse nas mais respeitadas publicações de hotelaria do mundo. Pelas fotos percebe-se que é uma pequena jóia nas montanhas do Rio.

No MCFB





Outra exposição a ser vista no Rio é a de Laura Lima, no Museu Casa França Brasil. Intitulada Grande, nela a artista mineira faz um imaginário povoado por pessoas esculturas e metáforas que jogam com opostos que habitam a vida e a arte.
Conforme as informações disponibilizadas a exposição conta com quatro grandes instalações compõem essa base de construção poética que, segundo a artista, “flerta com a obscuridade da criação”. Tudo com a marca de Laura Lima: utilizar pessoas, corpos humanos vivos, como parte da obra. A presença humana, em ações propostas pela artista e que podem ser repetidas infinitamente, é totalmente dissociada do conceito de performance; os corpos-esculturas são a própria matéria da criação.
Obras impactantes, tanto em função do tamanho (Grande não é apenas o título da mostra) como em termos conceituais, abrem espaço à imaginação do visitante. Circundado por uma inusitada estante que ocupa o vão central da Casa França-Brasil, o público se encontra com O mágico nu (2010): elegantemente vestido e nu de artifícios, pois usa mangas curtas, este mágico produz, sem parar, esculturas num torno de argila, fundidas a outros materiais. Ao mesmo tempo, organiza e reorganiza objetos e ferramentas na hiper-estante que, à sua frente, é reconhecível em sua função original e, às suas costas, é caótica. A argila, como na Criação, é matéria de tudo o que acontece nesse espaço e cria, sobretudo, o contraste entre a elegância do mágico e a aparente “sujeira” da massa.
A partir dessa vista ao mundo dicotômico do Mágico, o público se aproxima de Pelos + Rede (1997/2010): numa rede de mais de 30 metros, que atravessa todo o vão central da Casa, um casal nu, em atitude contemplativa. A mulher tem seus pelos pubianos alongados e o homem, as sobrancelhas. Chega-se então ao Baixo (2010), espaço rebaixado a apenas 60 cm do chão, onde uma figura humana com características específicas aguarda o espectador que se dispuser a agachar-se e penetrar o reduzido espaço. As obras Pelos+Rede e Baixo foram concebidas dentro do conceito do conjunto Homem=carne/Mulher=carne, que Laura Lima vem desenvolvendo há alguns anos. Escolha (2010) é o último espaço da exposição e tem este nome porque o acesso a ele é de livre escolha do público. É um espaço de surpresa, que recebe quem está disposto a mergulhar sem qualquer informação prévia.

Confiram: Laura Lima é hoje uma grande referência da arte contemporânea brasileira.

No CCBB



Como já havia dito em post anterior, ir ao Rio e não ver a exposição do Escher no Centro Cultural Banco do Brasil seria uma absurdo. E lá fui eu ver as obras e instalações high-tech do mestre junto com mais um enorme batalhão de pessoas - jovens e crianças na maioria - que se espremiam para ver e curtir os truques do nosso artista da ilusão visual. A exposição está bem montada e tem mesmo este perfil enterteinement que agora é moda nas big exibitions. No caso de Escher a coisa funcionou bem porque no misto de matemática + arte por onde transita as criações dele há mesmo um jogo e um divertimento embutido. Porém a surpresa foi a delicada exposição em homenagem a Cora Coralina que me emocionou grandemente pelo modo como foi estruturada. As delicadezas poéticas de Coralina foram pensadas como fruto de um fazer natural e necessário como o ato de comer, refletido nas receitas que se msituram aos poemas na galeria. Saí de lá feliz com as doçuras desta senhorinha maravilhosa.

No CCHO




A região da Praça Tiradentes continua habitada pela mesma fauna enlouquecida (e interessante) de pessoas fora do sistemão, mas acho interessante que justamente neste meio "marginal" esteja localizado o Centro Cultural Hélio Oiticica. Coerência pura. Pois foi lá que fui ver uma exposição coletiva de artistas mineiros - alguns amigos particulares - e que foi uma boa surpresa. Composta por Rodrigo Borges, Renato Madureira, Pedro Motta, Ricardo Homen, Francisco Magalhães, Isaura Pena e Júnia Penna, alguns trabalhos me saltaram aos olhos como uma grata surpresa da vitalidade que sempre foi marca das artes em Minas. Destaco as esculturas de papel e fitas adesivas de Rodrigo Borges, uma concepção espacial e cromática de tirar o chapéu pelo alto grau de sofisticação de raciocínio. Também achei belíssima a seqüência de fotos de Pedro Motta intitulada Arqúipélago, onde o registro de interferências de terraplenagem no solo geram ilhas habitadas por estruturas que ganham outro significado ao serem nominadas como tal. Realmente uma maravilha. Já a artista Júnia Penna desenvolveu trabalhos também possuídos de grande força expressiva que dialogavam com o espaço (e com as outras obras) de modo inteligente. Aliás, diga-se, a montagem minimalista, com a predominância de grandes espaços vazios, foi muito feliz e proporcionou uma leitura uniforme mesmo com a diversidade de obras e técnicas que assoma normalmente em coletivas. Uma exposição a ser visitada e uma das melhores do Rio hoje.

No CCC




A região "dos centros culturais" no Rio permite que façamos um bom roteiro sem deslocamentos espaciais radicais: tudo é pertinho e fácil de ir-se, sem dizer que gera um movimento interessante de pessoas por aquelas bandas perto da Candelária. O Centro Cultural dos Correios me surpreendeu com três mostras curiosas. Uma, da artista Leila Bokel, chamada Nem tão Brancos, me foi simpática porque já tive uma fase assim, de fazer obras com predominância do branco. Seus quadros são uma mistura de técnicas que saturam o espaço com brancura asséptica mas revela pequenas aparições de outras tonalidades que parecem rebeldias sutís. O efeito é muito bom.
O artista Eliseo Posse trouxe ao espaço cultural sua proposta chamada Megalópolis, onde recria com materiais diversos plantas de cidades imaginárias que poderiam muito bem ser qualquer uma destas milhares de pólis que existem no mundo, mas há um toque de crueldade já que nestas mega estruturas que o artista cria não parece ter espaço algum para planejamentos ou ordens: tudo remete a um caos futuro. Eu achei muito boa e de uma plasticidade curiosa pois parecia um mapa do Google Earth apocalíptico.
No terceiro andar do prédio havia uma exposição que está correndo o mundo e pousa agora no Brasil chamada A cidade somos nós: desenhando a mobilidade do futuro. Nela podemos ver projetos urbanísticos a serem realizados em várias cidades do planeta onde a mobilidade do cidadão é a principal questão. Achei alguns projetos muito legais mas o do Rio de Janeiro, que é para ser feito na região da Central do Brasil, é maravilhoso e só me ressentí ao ler que é para ser executado em 2030. Pôxa, este eu acho que não vou ver mesmo...Pena.

No MNBA




Procuro visitar o Museu Nacional de Belas Artes no Rio porque foi lá que me espantei pela primeira vez, quando criança, com as dimensões gigantescas de um quadro, no caso A Batalha de Avaí, de Pedro Américo. Daí até hoje retorno ao museu à procura do espanto que a arte pode provocar e, às vezes, o reencontro sem que tenha de ter dimensões exageradas.
Neste fevereiro incandescente ví duas exposições de artes plásticas, uma de Alex Flemming e outra de Josely Carvalho, dois artistas brasileiros que moram no exterior - ele na Alemanha e ela em New York -, e uma outra em homenagem a Ferreira Gullar. As mostras de arte soaram interessantes em suas diferentes propostas: Alex fez um comentário sobre a exploração das riquezas naturais do Brasil e Josely fez uma instalação buscando fazer links com a memória de cada um.
Mapa da Mina é o título da instalação de Alex, onde expõe vários mapas do Brasil os quais são saturados com tinta acrílica onde o artista coloca pedras preciosas. Ao invés de moldura eles estão protegidos por redomas de acrílico que, nas palavras dele, representam a proteção que temos de ter com nossas riquezas naturais. Bem...as imagens das obras seguem o post.
Já Josely faz uma instalação multimídia intitulada Nidus Vitro - Diário de Cheiros, onde mistura recursos eletrônicos e digitais a materiais artesanais e industrializados criando uma ambientação que faz referências à memória visual e olfativa para construir seu discurso plástico. Um ninho feito de vidro figura no centro da sala de exposições que faz uma combinação com os sons que enchem o espaço e também com cheiros que completam a interatividade do espectador. O impacto da obra é muito bonito e, creio, que o melhor acontece na cabeça de cada um ao entrar lá.
Ja Ferreira Gullar ganha uma exposição onde seu Poema Sujo parece ser o tema, mas que se desdobra inclusive com a exibição de obras de artes plásticas perpetrada por ele. Didática.
O MNBA passa ainda por restauros e o achei triste e vazio, talvez por estar com exposições sem muito apelo popular. Durante minha visita só estavam eu e um casal francês que se perdeu entre os espaços abertos e os interditos do imenso prédio. Seguí-los poderia ter dado um bom trabalho conceitual sobre a arte e seu espaço de fruição.

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Tô indo...


Enfim minhas merecidas férias. Vou sair por aí e manter o blog atualizado na medida do possível. Primeiro vou ao Rio de Janeiro cidade que me é querida e que abre meu coração para muitos desdobramentos de mim mesmo. O Rio de Janeiro foi eleito por uma revista internacional de tendência de design, arquitetura, moda e arte como "a" cidade de 2011, prêmio que concorreu com Chicago, Seoul, Londres, entre outras. Não é pouco. E o que está lá valorizando o Rio é justamente aquilo que por muito tempo foi visto como um "problema", ou seja, a diversidade cultural, as construções múltiplas das subjetividades e o rico convívio entre diferentes perfís sociais. Muita gente sempre soube disto e apostou que nesta diversidade para construir esta cidade que aponta para o futuro das questões do desenvolvimento humano. Não é atoa que ela é conhecida como "maravilhosa".