terça-feira, 19 de abril de 2011
Onde está Wei Wei?
O mundo das artes - e o restante também - já tornou pública a sua preocupação e indignação com o desaparecimento do artista plástico Ai Wei Wei, preso pela polícia chinesa ao desembarcar no aeroporto quando embarcava para Hong Kong, no dia 4 de abril passado.
O artista, com 54 anos, é o artista mais importante da China no mundo atualmente e atua também como curador, arquiteto ( o estádio "Ninho do Pássaro" tem o dedo dele), designer, filósofo e ativista político. Filho do renomado poeta Ai Qing, - que foi colocado num campo de trabalho forçado por sua luta contra a falta de liberdade na China - Ai Weiwei e sua família lá permaneceram entre 1958 e 1975. Em 1978, ele frequentou a Beijing Film Academy, depois fundou o grupo Star, ligado à avant garde. Entre 1981 e 1983, morou nos Estados Unidos tendo frequentado a Parson School of Design. Sua postura como pensador da arte foi influenciada por Duchamp e Rauschenberg.
Quando retornou à China, Wei Wei tornou-se um dos pioneiros da arte contemporânea. Em 1999, construiu em Changdi seu ateliê/residência ao custo de um milhão de euros, que foi demolido pela polícia chinesa em 2010 (numa das fotos acima aparece o artista nas ruínas)e, nesse mesmo ano, foi preso e espancado pela polícia.
Sua prisão em abril passado tornou mais tensa a relação do governo chinês com a comunidade internacional já minada por uma extensa lista de rupturas com os direitos humanos. Numa das últimas declarações do porta voz do governo ao público dizia que "Wei Wei já estava colaborando e confessando seus erros", abrindo o debate sobre a veracidade desta notícia e como estas declarações do artista podem soar verdadeiras e oriundas de algo que não seja a tortura.
Os brasileiros tiveram contato com o artista na última Bienal de São Paulo, onde ele apresentou um grupo de esculturas de bronze simbolizando os animais do zodíaco chinês. Além de SP, Wei Wei participou também das Bienais de Veneza e Liverpool. Graças ao seu trabalho de vanguarda a voz deste defensor da liberdade de expressão se fez ouvida por todo mundo por tornar pública a agressão do governo da China à cultura milenar daquele país, atualmente seduzido pelo capitalismo ultra-selvagem que passa como um rolo compressor sobre milênios de arte e identidade em nome do progresso.
Wei Wei já fez trabalhos usando portas e outros objetos com mais de 2 mil anos que recolheu nas demolições realizadas pelo seu governo para dar lugar a um modernismo patológico, que deforma e/ou apaga a identidade do seu povo. Uma de suas obras que sou fã é a série de trabalhos que realizou onde colocou a logomarca da Coca Cola em vasos originais de antigas dinastias chinesas.
Resta torcer para que a comunidade internacional faça algo para libertá-lo deste pesadelo.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário