O artista Ricardo Cristofaro faz uma exposição no Centro Cultural Bernardo Mascarenhas onde mostra para o público suas mais recentes esculturas. A surpresa e o espanto são imediatos ao entrarmos na galeria por dois motivos (porém não os únicos): a tremenda qualidade técnica das obras e a extrema criatividade. Este evento merece ser visitado pois dá um up grade na nossa inteligência e isto não é pouco. Ricardo se firma como "o" grande nome das artes de Juiz de Fora.
Coloco o texto que escreví para a apresentação da exposição e algumas fotos das obras.
OBJETO[S] À DERIVA
Os recentes trabalhos de Ricardo Cristofaro foram produto do acaso. Não deste “acaso que não existe”, mas de outro, fruto do seu convívio com a espontaneidade do mundo: o artista se coloca aberto aos possíveis diálogos que o entorno com ele mantém – e estes não são poucos – e destes tira seus poemas visuais. O acaso, nesta situação, é um “acaso consciente”.
Como um andarilho errante, o Ricardo promove uma re-visita aos cacos do cotidiano, colhendo-os movido por critério pouco palpável, flexível – ora, a textura, ora, o material ou a memória afetiva guia sua colheita – e os retrabalha exercitando um raciocínio estendido da assemblage.
Se o assemble promove associações livres que re-situam os materiais num novo contexto, Cristofaro nos entrega seus objetos já significados por sua poética de bricoleur. O resultado é um didático encaminhamento do nosso olhar a novas direções, a novos “perceberes”. Afinal é o que sempre faz o poeta, certo?
Ricardo poetiza quinquilharias e as usa como o outro - aquele que escreve - faz com as palavras: às vezes gastas pelos excessos dos discursos da escrita, as contextualiza sensivelmente para que possamos lê-las como se estivéssemos frente a elas pela primeira vez, e o fazemos arrebatados pelo espanto da novidade óbvia.
É isto que usufruímos nesta exposição: a surpresa de reencontrarmos nossas banalidades redivivas por um novo suspiro de vida, aquele que só a arte pode insuflar. Como Niestzche já havia dito, o poeta errante Cristofaro mostra nos seus trabalhos que “o homem é o grande reinventador de si mesmo”.
Afonso Rodrigues
Os recentes trabalhos de Ricardo Cristofaro foram produto do acaso. Não deste “acaso que não existe”, mas de outro, fruto do seu convívio com a espontaneidade do mundo: o artista se coloca aberto aos possíveis diálogos que o entorno com ele mantém – e estes não são poucos – e destes tira seus poemas visuais. O acaso, nesta situação, é um “acaso consciente”.
Como um andarilho errante, o Ricardo promove uma re-visita aos cacos do cotidiano, colhendo-os movido por critério pouco palpável, flexível – ora, a textura, ora, o material ou a memória afetiva guia sua colheita – e os retrabalha exercitando um raciocínio estendido da assemblage.
Se o assemble promove associações livres que re-situam os materiais num novo contexto, Cristofaro nos entrega seus objetos já significados por sua poética de bricoleur. O resultado é um didático encaminhamento do nosso olhar a novas direções, a novos “perceberes”. Afinal é o que sempre faz o poeta, certo?
Ricardo poetiza quinquilharias e as usa como o outro - aquele que escreve - faz com as palavras: às vezes gastas pelos excessos dos discursos da escrita, as contextualiza sensivelmente para que possamos lê-las como se estivéssemos frente a elas pela primeira vez, e o fazemos arrebatados pelo espanto da novidade óbvia.
É isto que usufruímos nesta exposição: a surpresa de reencontrarmos nossas banalidades redivivas por um novo suspiro de vida, aquele que só a arte pode insuflar. Como Niestzche já havia dito, o poeta errante Cristofaro mostra nos seus trabalhos que “o homem é o grande reinventador de si mesmo”.
Afonso Rodrigues
Nenhum comentário:
Postar um comentário