sexta-feira, 25 de setembro de 2009

ESSE É O CARA!!!







O artista Ricardo Cristofaro faz uma exposição no Centro Cultural Bernardo Mascarenhas onde mostra para o público suas mais recentes esculturas. A surpresa e o espanto são imediatos ao entrarmos na galeria por dois motivos (porém não os únicos): a tremenda qualidade técnica das obras e a extrema criatividade. Este evento merece ser visitado pois dá um up grade na nossa inteligência e isto não é pouco. Ricardo se firma como "o" grande nome das artes de Juiz de Fora.



Coloco o texto que escreví para a apresentação da exposição e algumas fotos das obras.






OBJETO[S] À DERIVA

Os recentes trabalhos de Ricardo Cristofaro foram produto do acaso. Não deste “acaso que não existe”, mas de outro, fruto do seu convívio com a espontaneidade do mundo: o artista se coloca aberto aos possíveis diálogos que o entorno com ele mantém – e estes não são poucos – e destes tira seus poemas visuais. O acaso, nesta situação, é um “acaso consciente”.
Como um andarilho errante, o Ricardo promove uma re-visita aos cacos do cotidiano, colhendo-os movido por critério pouco palpável, flexível – ora, a textura, ora, o material ou a memória afetiva guia sua colheita – e os retrabalha exercitando um raciocínio estendido da assemblage.
Se o assemble promove associações livres que re-situam os materiais num novo contexto, Cristofaro nos entrega seus objetos já significados por sua poética de bricoleur. O resultado é um didático encaminhamento do nosso olhar a novas direções, a novos “perceberes”. Afinal é o que sempre faz o poeta, certo?
Ricardo poetiza quinquilharias e as usa como o outro - aquele que escreve - faz com as palavras: às vezes gastas pelos excessos dos discursos da escrita, as contextualiza sensivelmente para que possamos lê-las como se estivéssemos frente a elas pela primeira vez, e o fazemos arrebatados pelo espanto da novidade óbvia.
É isto que usufruímos nesta exposição: a surpresa de reencontrarmos nossas banalidades redivivas por um novo suspiro de vida, aquele que só a arte pode insuflar. Como Niestzche já havia dito, o poeta errante Cristofaro mostra nos seus trabalhos que “o homem é o grande reinventador de si mesmo”.

Afonso Rodrigues

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