Após 2 semanas de férias, volto a um mundo que não foi o que deixei antes de viajar: meu lugar de trabalho paralisado por uma radical decisão de suspensão das aulas por prevenção à gripe suína. Nem Nostradamus poderia ter imaginado esta submissão da humanidade aos porcos...A metáfora se fez real...
Bem, e qualquer forma as férias foram boas. Vi uma ótima exposição sobre Jean Dubuffet em SP (Pinacoteca) e outra tão boa quanto sobre a Virada Russa no Rio (CCBB). Comprei muitos livros de arte, literatura e revistas essenciais (Oh, Wallpaper...how I love ya!!!). A temperatura foi amena e vi dias estonteantes no Rio, cada vez mais lindo, principalmente quando paramos de olhar as favelas com olhos preconceituosos.
Como presente pessoal trouxe na bagagem uma belíssima máscara africana do Mali, comprada num antiquário, que repousa em cima do piano de cauda da minha casa, esperando um suporte mais digno. Mas tudo isto é apenas um preâmbulo para fazer um comentário sobre a trilha que tocou no meu MP3 durante os passeios: o disco Sirena da banda inglesa Cousteau.
Os Cousteau são londrinos, cujo primeiro álbum, homônimo, data de 2000. A banda é composta basicamente por 3 sujeitos: Liam McKahey (voz e percussão), Robin Brown (guitarras) e Joe Peet (baixo, guitarra e violino) e lançou seu último disco, Nova Scotia, em 2005. Considero o Sirena, de 2002, um excelente trabalho e, se alguém quiser iniciar-se no Cousteau, aconselho começar por ele.
O grande destaque do grupo - fora as músicas, claro – é o lead singer Liam McKahey, um fenômeno vocal com poucos rivais no universo da música atual.
Para falar deste álbum vou ter que lançar mão de referências musicais meio desconhecidas de muita garotada, mas que pertencem à história da música, como o maestro americano Burt Bacharat, do francês Serge Gainsbourg e do camaleão David Bowie, entre outros muitos. Não é pouco, nota-se. Pois o grupo – e a voz de Liam - tem uma musicalidade associada a trabalhos destes citados. Claro, tudo temperado com pitadas de bandas contemporâneas, dentre elas o Radiohead (como fugir deles? Impossível...) e outras grandes contribuições.
O clima é de intimismo, meia-luz, aconchego e romance, muito romance. De cara achamos as músicas meio nostálgicas, e são mesmo. Mas depois percebemos uma grande contemporaneidade nos arranjos, o que as deslocam de um lugar datado para um hoje refinado e cult. Liam sabe o que faz, e seus colegas também...Mas o grande puncto do disco é o vocalista que pode ser incensado tranquilamente porque é bom pra caramba. Liam soa meio Gainsborough com acentos de Bowie em Diamond Dogs. Pauleira...A música Sirena, que dá nome ao disco, é um monumento à inteligência. Só ela já vale o disco todo, mas o resto também é muito bom.
Bem, como já notaram, o texto é “babão”...destes que fãs escrevem sobre seus ídolos, mas aconselho:Juntem-se a mim e verão que não há cegueira alguma no meu comentário, só luzes...no caso difusas, pois o Cousteau canta no cantinho de uma sala iluminada por um abajur solitário.
É a terceira vez, pelo menos, que a música pop faz justiça a Burt Bacharach (os outros foram Frankie Goes to Hollywood, "San José", em 1985, e o clássico primeiro disco do Oasis, "Definitely Maybe" de 1993.
ResponderExcluirGostei muito do Cousteau, em especial pelo fato de que o timbre dos instrumentos é bem marcante. Destaque para "Last Secret of the Sea".